Simples assim feito uma tarde de outono
com aquele sorriso de colorir aquarela.
Já não me engano quanto a sua natureza
e mesmo em face de toda essa beleza,
o que mais encanta é o coração dela.
Um enigma assim feito céu de inverno,
num olhar amendoado de menina-mulher
que me traz de uma vez o tom, a cor e todas as escalas.
Jamais pensei uma mulher assim,
que com apenas um gesto, um único gesto,
soltaria uma manda de elefantes a correr no meu estômago.
Percebo o meu olhar a passear divertido,
e ela só precisa existir, simples desse jeito.
não há esforço,
nem dúvidas,
nem limites,
nem amarras.
Não há nada.
E ao mesmo tempo há tudo.
Agora, nem mesmo o passado com seus pés de ferro
pode assombrar o que o presente traz em silêncio.
É a síntese, simples desse jeito,
ela é o meu mantra...
Escritos de Assis
26 março, 2014
14 janeiro, 2014
Estrago
Eu confesso que cheguei a acreditar
que um dia após o outro poderia resolver
que um trago após o outro poderia resolver
logo eu que só quis sonhar e sonhar e sonhar
Cale a boca dura e seca
e corra atrás do seu quinhão
dia a dia na labuta
vivendo a própria solidão
faz um tempo alguém me disse
que cada um tem seu destino
que todos tem a mesma chance
que é só uma questão de afinco
Colhe aquilo que plantou
e planta o mundo que aprendeu
aprende a vida que ensinou
e vive os sonhos que escolheu
Não é preciso ser profeta
muito menos ser cantor.
Sentir que tudo está do avesso
pra alguns não há escolha, nem direito
nada cabe mais no pensamento
vida torta, vida suja, vira vida, vida muda
Me deixa viver em paz
do jeito que só eu sei.
que um dia após o outro poderia resolver
que um trago após o outro poderia resolver
logo eu que só quis sonhar e sonhar e sonhar
Cale a boca dura e seca
e corra atrás do seu quinhão
dia a dia na labuta
vivendo a própria solidão
faz um tempo alguém me disse
que cada um tem seu destino
que todos tem a mesma chance
que é só uma questão de afinco
Colhe aquilo que plantou
e planta o mundo que aprendeu
aprende a vida que ensinou
e vive os sonhos que escolheu
Não é preciso ser profeta
muito menos ser cantor.
Sentir que tudo está do avesso
pra alguns não há escolha, nem direito
nada cabe mais no pensamento
vida torta, vida suja, vira vida, vida muda
Me deixa viver em paz
do jeito que só eu sei.
02 janeiro, 2014
25 novembro, 2013
Recesso
Troquei os óculos mas não adiantou.
Nem sei. Deveria?
Adiantar algo?
Ontem decifrávamos qualquer presença
e hoje sigo sem enxergar as cores
saboreando o caminho que escolhi
desconstruindo antigos ritmos.
é tanto medo guardado,
é tanto medo aguardando.
O quê de coragem faltante, foi suficiente,
e deu o ar daquilo que não gostamos de ver.
é tanta dúvida torta,
é tanta dúvida morta
que já nem duvido mais,
já não me preocupo tanto assim.
Em todos os lugares -
e isso eu não sei, apenas posso sentir
- estão as cores que deixei de enxergar.
Nem sei. Deveria?
Adiantar algo?
Ontem decifrávamos qualquer presença
e hoje sigo sem enxergar as cores
saboreando o caminho que escolhi
desconstruindo antigos ritmos.
é tanto medo guardado,
é tanto medo aguardando.
O quê de coragem faltante, foi suficiente,
e deu o ar daquilo que não gostamos de ver.
é tanta dúvida torta,
é tanta dúvida morta
que já nem duvido mais,
já não me preocupo tanto assim.
Em todos os lugares -
e isso eu não sei, apenas posso sentir
- estão as cores que deixei de enxergar.
20 maio, 2013
É preciso perder o rumo
Eu quis um algo mais
só não sabia o que
pra poder me encontrar
precisei me perder
em cada copo um sonho
em cada esquina o chão
nos lábios um sorriso
no peito uma aflição
estive por aí
sem rumo sem porque
passei o tempo todo
tentando ver pra crer
gosto tanto da insanidade
e do olhar do furacão
prefiro a sorte torta
do que viver a conformidade
só não sabia o que
pra poder me encontrar
precisei me perder
em cada copo um sonho
em cada esquina o chão
nos lábios um sorriso
no peito uma aflição
estive por aí
sem rumo sem porque
passei o tempo todo
tentando ver pra crer
gosto tanto da insanidade
e do olhar do furacão
prefiro a sorte torta
do que viver a conformidade
14 abril, 2013
Impressões
De que lado nós estamos?
De que lado você está?
Esquerda?
Direita?
Enquanto eu olhava para o passado e pressentia o futuro
fui colhendo algumas impressões carregadas de sentimento
misturadas no meu corpo como se estivessem em um liquidificador.
Hoje cedo na rua Tenente Silveira,
a visão da índia sentada na calçada com seus filhos,
vendendo o seu artesanato, foi ali que bebi as primeiras impressões.
Continuei a olhar o passado e vieram mais impressões, mais sentimentos.
Nas mãos calejadas dos nordestinos que deixaram para trás sua terra natal
para tentar a sorte grande nas cidades de pedra assim como fez meu pai;
No rosto maquiado do travesti que só existe quando cai a noite;
Na fala muda do cidadão invisível de Alexandra Alencar;
No lombo cansado das multidões de trabalhadores nas filas da Previdência Social;
Nas costas arqueadas dos enormes bolos de carne esperando nas filas do SUS;
No choro dos seres multilados e trancafiados por suas escolhas;
No riso ezquisofrênico dos que são diferentes de mim e de você;
Na boca seca e rachada dos nóias da crackolândia;
Nos braços tatuados dos milhares de presos apodrecendo nas penitenciárias;
No olhar maldito dos policiais militares cheirando cocaína no vale do anhangabaú;
Nas pernas trêmulas dos moleques presos e espancados por fumar maconha;
No estômago torto da impotência e da humilhação perante as "autoridades";
Das invasões, das chacinas, das mortes e mais mortes causadas pela indiferença;
É o peso do martelo das diferenças.
De que lado nós estamos?
De que lado você está?
Esquerda?
Direita?
Eu estou do lado em que bate o meu coração.
De que lado você está?
Esquerda?
Direita?
Enquanto eu olhava para o passado e pressentia o futuro
fui colhendo algumas impressões carregadas de sentimento
misturadas no meu corpo como se estivessem em um liquidificador.
Hoje cedo na rua Tenente Silveira,
a visão da índia sentada na calçada com seus filhos,
vendendo o seu artesanato, foi ali que bebi as primeiras impressões.
Continuei a olhar o passado e vieram mais impressões, mais sentimentos.
Nas mãos calejadas dos nordestinos que deixaram para trás sua terra natal
para tentar a sorte grande nas cidades de pedra assim como fez meu pai;
No rosto maquiado do travesti que só existe quando cai a noite;
Na fala muda do cidadão invisível de Alexandra Alencar;
No lombo cansado das multidões de trabalhadores nas filas da Previdência Social;
Nas costas arqueadas dos enormes bolos de carne esperando nas filas do SUS;
No choro dos seres multilados e trancafiados por suas escolhas;
No riso ezquisofrênico dos que são diferentes de mim e de você;
Na boca seca e rachada dos nóias da crackolândia;
Nos braços tatuados dos milhares de presos apodrecendo nas penitenciárias;
No olhar maldito dos policiais militares cheirando cocaína no vale do anhangabaú;
Nas pernas trêmulas dos moleques presos e espancados por fumar maconha;
No estômago torto da impotência e da humilhação perante as "autoridades";
Das invasões, das chacinas, das mortes e mais mortes causadas pela indiferença;
É o peso do martelo das diferenças.
De que lado nós estamos?
De que lado você está?
Esquerda?
Direita?
Eu estou do lado em que bate o meu coração.
01 abril, 2013
Com sentir
Falávamos sobre consenso.
Buscávamos o mútuo entendimento.
Um consentimento;
dois não.
COM sentimento
SEM sentimento
Agora é tarde.
Jamais saberemos.
Jamais CONsentiremos
Buscávamos o mútuo entendimento.
Um consentimento;
dois não.
COM sentimento
SEM sentimento
Agora é tarde.
Jamais saberemos.
Jamais CONsentiremos
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