Fome
de som
de chêro
de tempêro
reflito ainda bêbado sobre esse "quê" intenso
somente uma força ancestral pode fazer aquilo
Foram vários os dias
de folia, amor e alegria
em momentos todos coloridos
logo hoje que o meu despertador tocou bem atrasado
enquanto eu sonhava mil sóis atravessando a janela
O dia acordou
com a mesma cor
da calça do detento
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor ?
desço a colina e começo a prestar atenção
Algumas gaivotas
fedor de cela e mijo
crianças dormem na praça
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor ?
então começo a rememorar outros carnavais
Lembro bem do dia
na praça da república
a cor da farda da polícia
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor?
e finalmente - ainda bêbado - compreendo
Cru
simples
e visceral
essa fome é cinza
da cor da pele daquela menina
da cor da pele de um tubarão
da cor da miséria em questão
uma cor, de hipocrisia cristã
E quem se atreve a classificar os normativos?
sinta o privilégio, é quarta-feira de cinzas
amanhã alguém vem entregar a ração na porta
Francisco de Assis
22 fevereiro, 2012
20 fevereiro, 2012
Dilúvio
As palavras de Mr. Orwell tem ganhado forma a cada dia
seres avarentos congratulando e nomeando um novo herói
banalidade amordaçada já faz parte da sua cesta básica
Para onde vão os sonhos? Aonde se escondem as crianças?
Seu juramento de nada me serve, bastaria um sim ou não
levaria consigo essa marca da mentira? da desconfiança?
ao invés disso, responde aquilo que vem do seu coração
Os meus, os teus, onde estarão agora? Tu ainda respira?
Noutras preces eu vi o tempo rompendo a terra em ciclos
Água inundando o sertão, rochas pairando sobre a cidade
Um pássaro-corneta anunciando o que vinha pela frente..
partícula;
gotícula;
mãos em concha esperando o que beber cair do próprio sol
e o primeiro mercenário vendendo pódio em troca de carne
suor em troca de sangue, sangue as custas do pão e circo
Água, bastante água, uma enorme tempestade cair do céu
para lavar os teus olhos e, afogar o circo de horrores
voltar a terra traz beleza e esperança
amizade me faz sorrir e me leva a crer
Não se engane pois sou otimista peço água
todos os dias em minhas preces, peço água.
Francisco de Assis
seres avarentos congratulando e nomeando um novo herói
banalidade amordaçada já faz parte da sua cesta básica
Para onde vão os sonhos? Aonde se escondem as crianças?
Seu juramento de nada me serve, bastaria um sim ou não
levaria consigo essa marca da mentira? da desconfiança?
ao invés disso, responde aquilo que vem do seu coração
Os meus, os teus, onde estarão agora? Tu ainda respira?
Noutras preces eu vi o tempo rompendo a terra em ciclos
Água inundando o sertão, rochas pairando sobre a cidade
Um pássaro-corneta anunciando o que vinha pela frente..
partícula;
gotícula;
mãos em concha esperando o que beber cair do próprio sol
e o primeiro mercenário vendendo pódio em troca de carne
suor em troca de sangue, sangue as custas do pão e circo
Água, bastante água, uma enorme tempestade cair do céu
para lavar os teus olhos e, afogar o circo de horrores
voltar a terra traz beleza e esperança
amizade me faz sorrir e me leva a crer
Não se engane pois sou otimista peço água
todos os dias em minhas preces, peço água.
Francisco de Assis
14 fevereiro, 2012
Castelos de Nagô
O olhos transbordam de alegria ao ver correr a pequena cria
a paisagem acolhe o pequeno rebento, é Nagô, é Nagô, é Nagô
castelo d'areia, baldinho cheio d'água;
" - quanta tatuíra odé!"
os pés deixam o rastro entre o percalço da caminhada no axé
É vida é som, mar e sol, papai, mamãe, amigos, dia perfeito
deixa estar o tempo sem direção que o vento traz um sossêgo
Take it easy my brother Charles
Take it easy meu irmão de cor
Take it easy my sister Xanda
Take it easy minha irmã de cor
Momento atemporal. Apenas um, nada mais!
Sem retrato nem marca, apenas lembrança.
Nagô menino de praia e seu boné virado pra trás
Sorriso doce e olhar atento, a paisagem é dele;
do pequeno-grande rebento.
Assis Monteiro
a paisagem acolhe o pequeno rebento, é Nagô, é Nagô, é Nagô
castelo d'areia, baldinho cheio d'água;
" - quanta tatuíra odé!"
os pés deixam o rastro entre o percalço da caminhada no axé
É vida é som, mar e sol, papai, mamãe, amigos, dia perfeito
deixa estar o tempo sem direção que o vento traz um sossêgo
Take it easy my brother Charles
Take it easy meu irmão de cor
Take it easy my sister Xanda
Take it easy minha irmã de cor
Momento atemporal. Apenas um, nada mais!
Sem retrato nem marca, apenas lembrança.
Nagô menino de praia e seu boné virado pra trás
Sorriso doce e olhar atento, a paisagem é dele;
do pequeno-grande rebento.
Assis Monteiro
09 fevereiro, 2012
Entre meios
Olhares atentos ao que nos resta de dignidade
passo torto, apressado, encontrando um começo
prefiro de ontem os canteiros que o entremeio
nas calçadas há poeira cobrindo desonestidade
Quem se atreve a apontar? É o mesmo currículo
Dá pra acreditar em quem? É o mesmo discípulo
Conversa "fiada" (um dia ele paga o que deve)
Evolução espiral de alma ou devir consolação?
Ainda assim prefiro canteiros que entre meios.
Francisco de Assis
passo torto, apressado, encontrando um começo
prefiro de ontem os canteiros que o entremeio
nas calçadas há poeira cobrindo desonestidade
Quem se atreve a apontar? É o mesmo currículo
Dá pra acreditar em quem? É o mesmo discípulo
Conversa "fiada" (um dia ele paga o que deve)
Evolução espiral de alma ou devir consolação?
Ainda assim prefiro canteiros que entre meios.
Francisco de Assis
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