Fome
de som
de chêro
de tempêro
reflito ainda bêbado sobre esse "quê" intenso
somente uma força ancestral pode fazer aquilo
Foram vários os dias
de folia, amor e alegria
em momentos todos coloridos
logo hoje que o meu despertador tocou bem atrasado
enquanto eu sonhava mil sóis atravessando a janela
O dia acordou
com a mesma cor
da calça do detento
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor ?
desço a colina e começo a prestar atenção
Algumas gaivotas
fedor de cela e mijo
crianças dormem na praça
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor ?
então começo a rememorar outros carnavais
Lembro bem do dia
na praça da república
a cor da farda da polícia
reflito ainda bêbado se; a fome tem cor?
e finalmente - ainda bêbado - compreendo
Cru
simples
e visceral
essa fome é cinza
da cor da pele daquela menina
da cor da pele de um tubarão
da cor da miséria em questão
uma cor, de hipocrisia cristã
E quem se atreve a classificar os normativos?
sinta o privilégio, é quarta-feira de cinzas
amanhã alguém vem entregar a ração na porta
Francisco de Assis
massa demais... é meu caro "a fome tem cor"! será o carnaval o colorido que ilude o cinza? por alguns instantes parece que sim... alegria, alegria... e o cinza logo vem... mas tem poesia!!! :)
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