30 agosto, 2011

Um grão de areia

O pensamento leva flores contra a tormenta
O coração bate ansioso, perdido
Procuro buscar forças pra manter a sanidade
Onde estará a música?

Um turbilhão incandescente atravessa o peito
A angústia crava os olhos no chão
De onde vejo, areia engole a casinha sonhada
Onde estará a segurança?

Amigos, parentes, gente que não vejo faz muito tempo
A mistura é amarga, espessa
Também vivo, também sonho, também rolo os dados
Onde estará o bálsamo?

Meus amores, meus viveres, seus amores, seus viveres
No meio de tudo está o punhal
Os olhos se erguem para cravar o horizonte
Onde estará o menino?

Deseinventar-me no meio de tudo e apagar a luz dos olhos
É só o que peço quando durmo
Acreditar que será diferente, que, inabalável é a força que move
Onde estará o interruptor?

Assis Monteiro

08 agosto, 2011

O coração de um homem

Ele caminha devagar, sem pressa.
Firme em seu passo, em seu propósito
como uma seta disparada em câmera lenta.
Sente na boca o sabor nostálgico do passado,
lê nos olhos de sua filha os mistérios do futuro
e de peito aberto encara a singularidade do presente.

Quantos erros? Quantos acertos? Quantas coisas?

É certo; jamais saberá. Isso não pesa, não se mede.
No íntimo acredita saber uma coisa, alguém deu o "play".
Continua a caminhada tamborilando os dedos no casaco puído,
e batendo as mandíbulas no ritmo da manhã, respirando como se
estivesse saíndo novamente do útero da mãe, naquele momento em que
seus olhos - janelas da alma - se abriram e a luz invadiu seu coração
Ele sabe, é o presente, estar vivo, sentir doer, sentir o amor e a amizade
de cada pessoa querida que com todo o carinho carrega consigo pois atemporal

é o amor de amigo o amor da vida.
E ele caminha devagar, sem pressa.

Francisco de Assis

02 agosto, 2011

O Guardião dos meus sonhos

Um dragão cor de jade acordou em meu estômago
A partir daí, tudo aconteceu em câmera lenta.
É ele, O guardião dos sonhos que trago comigo.

sobrevoando paisagens encantadas,

ora descendo vertiginosamente
como quem quer estourar,

ora subindo num rasante
como quem atravessa a atmosfera,

Foi que voamos juntos pela primeira vez,
pude ver que em mim existem tantos quintais,
lagos, riachos, pastagens, florestas, tantos lugares.

O olhar de um dragão é astuto, penetrante e imponente e,
ao encará-lo sua voz ecoou no meu coração com a força de
mil trovões caíndo em uníssono:

- Se você sentir que o chão sumiu, quando tentarem sufocar a meninice que vive
dentro de cada pérola de sonho que trazes contigo, lembre-se;

Eu sou O teu guardião.

Voarei mais e mais alto, carregando seu espírito,
o seu viver e todas as suas bolinhas de gude.

Vou te levar para um lugar onde você possa descansar
e dançar sem tempo nem espaço.

Júnior