28 novembro, 2012

Canção de um céu azul


Mirar
o fim de uma era
ao pé de um vulcão

Abraçar
o começo da vida
no olho de um furacão

Deixar
escorrendo o tempo
na beleza viva das canções

Esperar
que o vento sul
transforme os nossos corações.

22 novembro, 2012

Preguiça


Amanheceu.

Nasceu esta poesia no espreguiçar do corpo.

O dia escorreu.

para além da cama, poesia viveu preguiça

Adiantado o relógio.

poesia nasceu, cresceu.

E foi morrer nos lábios cerrados

19 novembro, 2012

Brigadeiro de panela

Bastou passar por mim devagar acenando e sorrindo com o seu vestido.
Menina você ateou fogo na minha pele, inundou todas as expectativas.

Bastou passar por mim devagar cantando sua voz de chuva de primavera.
Eriçou cada pelo do corpo, e todo pensamento, derreteu o céu nos lábios.

Bastou passar por mim devagar com essa boca de chocolate meio amargo.
Que desassossêgo! e, eu nem precisei de uma panela de brigadeiro;

Meu coração declarou alegria múltipla dos órgãos.

Bastou você passar devagar.

16 novembro, 2012

Sonhei com você (uma sugestão poética)

Eu quero tanto os teus olhos por perto agora
pra gente ficar fazendo nada com a dança das horas,
cheirando pescoço, desenhando corpos brilhantes na retina
mordendo pedaços; brincando de carinhos na eternidade do edredom.

Eita chuva perfeita pra esquecer o despertador e preguiçar mais um pouquinho,
foi isso, coloquei o celular no soneca e dormi mais uns quinze minutos antes de levantar;
assim sonhei contigo dançando no meu corpo o teu abraço, a gente se conhecendo de perto.

Quanto desejo havia ali,
nas palmas das mãos,
nos fios de cabelo,
em cada ossinho das tuas pernas.

Foram 15 minutos de soneca e uma vida inteira sonhando.

Menina, eu te quero hoje, amanhã e depois.
E tem mais, sugiro que você venha aqui.
Que eu vou gostar demais.

11 novembro, 2012

A muleta dos vermes

Saudosa maloca, maloca querida,
                                                  [ salve família!
esperança é o nome da estação.

Nesse teatro cotidiano espetacular
eles querem nosso sangue, nosso suor
O desrespeito é constante e amordaçado
incutido na necessidade do indivíduo mordaz

Sou capaz de dissimular o sorriso de aprovação
um sorriso falso que inunda o sertão; não pelo meio;
mas caminha, desliza, respira e serpenteia pela margem

Um senhor verme de olhar indignado observa com desprezo.
Tudo isto que a sua muleta não pode comprar eu tenho de sobra,
talvez por isso você me tome por desajustado, músico, maloqueiro

Se não entendeu o recado, rebobina a fita, liga a tecla sap e assiste de novo.

Desta vez eu não vou dissimular o meu sorriso; este é sincero, da alma, da fonte.



07 novembro, 2012

Impermanência e a poesia

São dias onde o carma se apresenta nítido, líquido
e o véu de Maya se dissipa para dar lugar à luz
Querer, tem desejo e bastante suco gástrico
nada, ninguém, nenhuma voz, somente paz

Será talvez um traço reto atravessando o meu caderno?

Impermanência fascina tanto quanto aos 7 anos de idade
quando ganhei o meu primeiro video-game de presente

- Continuo me deliciando com estas curvas abruptas -

(Des)cobertas escolhas de marfim lustroso e caro
sopesadas em um banquete para Deuses e anjos.

Sim, explique-se até extenuar qualquer possibilidade!
Me apetece o que é do entendimento do coração;
e se mesmo assim não houver conciliação?
Relaxe. Aquele sorriso, aquele
dos sete anos de idade
vive aqui comigo.

06 novembro, 2012

Canto para todos os cantos

Canto ontem para entregar minhas promessas ao fogo
Corro entregue para despejar minhas posses ao vento
Vivo despido para despertar de minhas vidas na terra
Morrerei acordado para confiar na sabedoria das águas